Cor Litúrgica: Roxo
A Quarta-feira Santa nos coloca diante da entrega silenciosa e obediente do Servo do Senhor, conforme proclamado na Primeira Leitura (Is 50,4-9a), e da traição de Judas, no Evangelho de Mateus (Mt 26,14-25). Ambos os trechos apontam para a reta final do caminho de Jesus rumo à cruz, num movimento de entrega confiante e de fidelidade até o fim.
PRIMEIRA LEITURA
Primeira Leitura (Is 50,4-9a)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
4 O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. 5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6 Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba: não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. 7 Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. 8 A meu lado está quem me justifica; alguém me fará objeções? Vejamos. Quem é meu adversário? Aproxime-se. 9a Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que me vai condenar?
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
SALMO
Responsório Sl 68(69),8-10.21bcd-22.31 e 33-34 (R. 14cb)
— Respondei-me pelo vosso imenso amor, neste tempo favorável, Senhor Deus.
— Respondei-me pelo vosso imenso amor, neste tempo favorável, Senhor Deus.
— Por vossa causa é que sofri tantos insultos, e o meu rosto se cobriu de confusão; eu me tornei como um estranho a meus irmãos, como estrangeiro para os filhos de minha mãe. Pois meu zelo e meu amor por vossa casa me devoram como fogo abrasador; e os insultos de infiéis que vos ultrajam recaíram todos eles sobre mim!
— O insulto me partiu o coração; Eu esperei que alguém de mim tivesse pena; procurei quem me aliviasse e não achei! Deram-me fel como se fosse um alimento, em minha sede ofereceram-me vinagre!
— Cantando eu louvarei o vosso nome e agradecido exultarei de alegria! Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá, se procurardes o Senhor continuamente! Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, e não despreza o clamor de seus cativos.
EVANGELHO
Evangelho (Mt 26,14-25)
— Salve, Cristo, Luz da vida, companheiro na partilha!
— Salve, nosso rei, somente vós tendes compaixão dos nossos erros.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 14 um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15 e disse: “O que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16 E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. 17 No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?” 18 Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos'”. 19 Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20 Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21 Enquanto comiam, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair”. 22 Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?” 23 Jesus respondeu: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24 O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” 25 Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
REFLEXÃO
A Quarta-feira Santa nos coloca diante da entrega silenciosa e obediente do Servo do Senhor, conforme proclamado na Primeira Leitura (Is 50,4-9a), e da traição de Judas, no Evangelho de Mateus (Mt 26,14-25). Ambos os trechos apontam para a reta final do caminho de Jesus rumo à cruz, num movimento de entrega confiante e de fidelidade até o fim.
O profeta Isaías descreve o Servo como aquele que é perseguido e humilhado, mas que não se deixa vencer. Ele escuta a voz de Deus como um verdadeiro discípulo e, mesmo diante da dor, mantém o rosto firme, porque confia no Auxiliador que o sustenta. Essa imagem aponta diretamente para o Cristo que, mesmo sabendo de sua paixão iminente, permanece fiel à missão recebida do Pai.
No Evangelho, somos confrontados com o drama da traição. Judas, um dos doze, negocia com os sumos sacerdotes o preço da entrega de Jesus: trinta moedas de prata. Durante a ceia pascal, Jesus revela que será traído por um dos que comiam com Ele. A tensão paira no ar, e os discípulos se questionam: “Serei eu, Senhor?”. A resposta de Jesus a Judas é ao mesmo tempo direta e misteriosa: “Tu o dizes”.
Reflexão
Hoje, a Liturgia nos convida a refletir sobre a fidelidade, a escuta da voz de Deus e a coragem diante da dor. O contraste entre Jesus e Judas não está apenas na traição em si, mas na forma como cada um responde ao chamado divino. Jesus permanece fiel, mesmo diante do sofrimento. Judas, ao contrário, fecha-se na escuridão da ganância e do medo.
Na caminhada da Quaresma, que se aproxima de seu clímax, somos chamados a discernir: qual é a nossa resposta a Deus? Temos ouvido sua voz com coração aberto? Ou estamos mais preocupados com nossos interesses e seguranças humanas?
Que neste dia possamos silenciar o coração e nos colocar à escuta do Senhor, buscando a fidelidade e a coragem de seguir Jesus até o fim.
Oremos: Senhor, nesta Quarta-feira Santa, ajuda-nos a permanecer fiéis a Ti. Dá-nos ouvidos de discípulo e coração confiante. Que possamos escolher o caminho da luz e da fidelidade, mesmo que ele nos leve à cruz. Amém.