“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.” (Jo 21,17)
Neste 3º Domingo da Páscoa, a Liturgia nos conduz a uma experiência de reencontro, missão e confiança no Senhor ressuscitado. O Cristo vivo continua a se manifestar aos seus discípulos, agora à beira do mar, à mesa e no coração ferido de Pedro. Cada leitura deste dia nos ajuda a aprofundar o significado da Ressurreição em nossa própria caminhada de fé.
Leituras: Primeira Leitura (At 5,27b-32.40b-41) / Sl 29(30),2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a) / Segunda Leitura (Ap 5,11-14) / Evangelho (Jo 21,1-19)
PRIMEIRA LEITURA
Primeira Leitura (At 5,27b-32.40b-41)
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, os guardas levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. 27b O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo: 28 “Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!” 29 Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. 30 O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. 31 Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. 32 E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. 40b Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus, e depois os soltaram. 41 Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
SALMO
Responsório Sl 29(30),2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)
— Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.
— Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.
— Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes, e não deixastes rir de mim meus inimigos! Vós tirastes minha alma dos abismos e me salvastes, quando estava já morrendo!
— Cantai salmos ao Senhor, povo fiel, dai-lhe graças e invocai seu santo nome! Pois sua ira dura apenas um momento, mas sua bondade permanece a vida inteira; se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria.
— Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! Transformastes o meu pranto em uma festa, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
SEGUNDA LEITURA
Segunda Leitura (Ap 5,11-14)
Leitura do Livro do Apocalipse de São João
Eu, João, vi 11 e ouvi a voz de numerosos anjos, que estavam em volta do trono, e dos Seres vivos e dos Anciãos. Eram milhares de milhares, milhões de milhões, 12 e proclamavam em alta voz: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor”. 13 Ouvi também todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, e diziam: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre”. 14 Os quatro Seres vivos respondiam: “Amém”, e os Anciãos se prostraram em adoração daquele que vive para sempre.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
EVANGELHO
Evangelho (Jo 21,1-19)
— Aleluia, Aleluia, Aleluia.
— Jesus Cristo ressurgiu, por quem tudo foi criado; ele teve compaixão do gênero humano.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1 Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3 Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4 Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5 Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6 Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7 Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8 Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9 Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10 Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11 Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12 Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14 Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. 15 Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. 16 E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17 Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19 Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou : “Segue-me”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
REFLEXÃO
“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.” (Jo 21,17)
Neste 3º Domingo da Páscoa, a Liturgia nos conduz a uma experiência de reencontro, missão e confiança no Senhor ressuscitado. O Cristo vivo continua a se manifestar aos seus discípulos, agora à beira do mar, à mesa e no coração ferido de Pedro. Cada leitura deste dia nos ajuda a aprofundar o significado da Ressurreição em nossa própria caminhada de fé.
Na primeira leitura (At 5,27b-32.40b-41), vemos a firmeza dos apóstolos diante do Sinédrio. Mesmo sob ameaça e perseguição, Pedro proclama com ousadia:
“É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens.”
Eles foram açoitados, proibidos de falar em nome de Jesus, mas saíram cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer por causa do nome do Senhor. A fé que testemunham não é teórica — é vivida até as últimas consequências, mesmo diante da dor. E essa coerência contagia, inspira e confirma a autenticidade do Evangelho.
A segunda leitura (Ap 5,11-14) nos leva a um cenário de adoração celestial. João contempla uma multidão incontável de anjos e criaturas proclamando:
“O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor.”
A glória do Cristo ressuscitado é celebrada por toda a criação. O mesmo Jesus que foi rejeitado e crucificado, agora reina glorioso, reconhecido como Senhor e Cordeiro que venceu a morte.
O Evangelho (Jo 21,1-19) narra uma das mais belas aparições do Ressuscitado. Os discípulos, ainda confusos, voltam ao mar. Mas o que era uma noite sem frutos torna-se um novo começo: Jesus, ao amanhecer, está na margem.
Com um gesto simples, Ele os guia: “Lançai a rede à direita da barca.” E o milagre acontece.
Ao reconhecerem Jesus, Pedro se lança ao mar, símbolo do desejo de reencontro e reconciliação. À beira da fogueira, onde tudo começou, Jesus oferece pão e peixe, e depois pergunta a Pedro três vezes:
“Tu me amas?”
Cada resposta de Pedro, marcada por dor e amor, restaura sua missão: “Apascenta as minhas ovelhas.” Aquele que negou três vezes agora confessa três vezes seu amor. Jesus não apenas perdoa, Ele confia novamente.
Reflexão para a vida
O 3º Domingo da Páscoa nos ensina que a Ressurreição não anula nossas quedas, mas nos convida a recomeçar. Jesus ressuscitado continua se revelando nas margens da nossa rotina, nas redes vazias da nossa esperança, nos silêncios da nossa oração.
Ele nos chama a lançar novamente as redes, a nos sentarmos à mesa com Ele e a ouvirmos, com o coração aberto, a pergunta que transforma tudo:
“Tu me amas?”
Como Pedro, talvez tenhamos falhado. Mas também como ele, somos chamados a responder com sinceridade e deixar que o amor de Cristo nos envie novamente.
Oremos:
Senhor Jesus, Tu que ressuscitaste para nos dar vida nova, ensina-nos a reconhecer-Te nos momentos simples e nos gestos cotidianos. Cura nossas quedas, reacende em nós o amor e renova nossa missão. Que também nós, como Pedro, possamos responder de coração: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.”
Amém. 🙏