Neste início de semana, a liturgia nos propõe um caminho de confiança e abertura à providência de Deus. Muitas vezes, diante das dificuldades, sentimos o peso do caminho e a tentação de olhar apenas para as faltas e carências. O Senhor, porém, convida-nos a não desanimar, mas a cultivar uma fé vigilante, capaz de reconhecer, mesmo no pouco, o sinal de sua presença. A autêntica vida cristã é aquela que aprende a partilhar, a escutar a voz de Deus e a abrir espaço para a esperança em cada dia.

Primeira Leitura

Livro dos Números (Nm 11,4b-15)

Naqueles dias, os filhos de Israel disseram:
“Quem nos dará carne para comer?
Nós nos lembramos dos peixes que comíamos de graça no Egito, dos pepinos, dos melões, dos alhos-porros, das cebolas e dos alhos.
Mas agora nossa alma está ressequida; não vemos nada além deste maná!”
O maná era como semente de coentro e sua aparência era semelhante à da resina de bdélio.
O povo ia por toda parte recolhendo-o, moía-o em moinhos, ou socava-o num pilão, depois cozinhava-o numa panela e fazia bolos.
Tinha o sabor de um pão amassado com óleo.
Quando de noite caía o orvalho sobre o acampamento, também caía o maná.
Moisés ouviu o povo chorar, cada família à porta de sua tenda.
Então a ira do Senhor se acendeu e Moisés ficou muito contrariado.
E disse ao Senhor:
“Por que afligiste teu servo? Por que não achei graça diante de ti, a ponto de imporem sobre mim o peso de todo este povo?
Acaso fui eu que concebi todo este povo? Ou fui eu que o dei à luz, para me dizeres: ‘Leva-o ao colo, como uma ama leva uma criança de peito, até à terra que prometeste com juramento a seus pais?’
Onde conseguirei carne para dar a todo este povo?
Pois eles choram junto de mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer!’
Não posso suportar sozinho o peso de todo este povo: é pesado demais para mim.
Se queres continuar assim comigo, peço-te que me mates, se me tens amizade, para que eu não veja minha desgraça”.


Salmo Responsorial

Salmo 80(81),12-13.14-15.16-17 (R: 2a)

R: Exultai no Senhor, nossa força!

  1. Mas meu povo não ouviu a minha voz,
    Israel não quis saber de obedecer-me.
    Deixei então que eles seguissem seus caprichos
    e caminhem segundo suas próprias intenções.
  2. Quem me dera que meu povo me escutasse!
    Que Israel andasse sempre em meus caminhos!
    Eu lhe daria de comer a flor do trigo
    e com o mel que sai da rocha o saciaria.

Evangelho

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 14,13-21)

Naquele tempo, Jesus soube da morte de João Batista e partiu de barco para um lugar deserto e afastado.
Mas as multidões souberam e vieram das cidades, a pé, para segui-lo.
Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão.
Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes.
Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram:
“Este lugar é deserto e a hora já está adiantada.
Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!”
Jesus, porém, lhes disse:
“Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!”
Os discípulos responderam:
“Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.
Jesus disse:
“Trazei-os aqui”.
Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama.
Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos.
E os discípulos os distribuíram às multidões.
Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios.
E os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.


Meditação sobre as Leituras

A liturgia de hoje fala das inquietações do coração humano e da generosa providência de Deus. O povo de Israel, mesmo recebendo o maná, se esquece das graças recebidas e reclama, mas Deus não abandona. O salmo revela o desejo do Senhor de ser ouvido, pois seu caminho é sempre fonte de vida e abundância.
No Evangelho, Jesus nos convida a sermos instrumentos de partilha e compaixão. O pouco, quando entregue com fé e generosidade, torna-se suficiente para todos. Ele nos ensina que nenhuma limitação é obstáculo quando se confia e se partilha.
O segredo é não fechar o coração diante das necessidades do outro, mas confiar que o Senhor multiplica o bem quando nos dispomos a servir.


Oração Final

Senhor Jesus,
renova em nós a confiança na tua providência,
ensina-nos a escutar tua voz e a reconhecer tua ação nos pequenos sinais do cotidiano.
Dá-nos um coração disponível à partilha,
para que, mesmo com pouco, possamos saciar a fome do próximo e experimentar tua presença viva entre nós.
Amém.