Hoje a liturgia nos convida a mergulhar no valor da humildade, da hospitalidade e da abertura ao Reino que Jesus proclama com radicalidade. A sabedoria de Jesus confronta nossa necessidade de reconhecimento, convidando-nos a abraçar a autenticidade e a generosidade que não esperam recompensa. Caminhar com confiança exige também vigilância interior para evitar a armadilha do orgulho, e a coragem de viver com autenticidade, oferecendo o melhor de nós ao Pai e ao próximo.

— Primeira Leitura

Eclesiástico (Sirácida) 3,17-18.20.28-29

“Meu filho, executa os teus negócios com humildade, *
e serás muito mais amado do que o ofertante de dons.
Quanto maior fores, mais humilde será o teu procedimento, *
e encontrarás graça diante do Senhor.
Não busques coisas demasiado elevadas para ti, *
nem investigues coisas que excedem a tua força.
O coração do prudente compreende parábolas, *
e ouvindo atentamente, o sábio alcança o bem.
A água apaga o fogo ardente, *
e as esmolas expiam os pecados.”


— Salmo Responsorial

Salmo 68(67),4-5.6-7.10-11
Resposta: Deus, na sua bondade, fez morada para o pobre.

*4 Os justos exultam; rejubilem diante de Deus, exultem de alegria!*

5 Cantai a Deus, celebrando o seu nome; dai glória ao que sobe sobre os céus.

6 Pai dos órfãos e protetor das viúvas é Deus em sua santa habitação.

7 Dá um lar aos desamparados; conduz os encarcerados à prosperidade.

10 Chuvas tuas, ó Deus, regaram a herança, e tu renovaste a terra abatida.

11 O teu rebanho ali encontrou pouso; em tua bondade, ó Deus, cuidaste dos necessitados.


— Segunda Leitura

Hebreus 12,18-19.22-24a

“Irmãos, vós não chegastes a um monte que se tocasse, com fogo, sombras e trevas,
com vento impetuoso, som de trombeta e voz cujas palavras fizeram os que ouviam implorar que não falasse mais.
Mas chegastes ao Monte Sião, à cidade do Deus vivo, Jerusalém celestial, com milhares de anjos em festa,
à assembleia dos primogênitos inscritos nos céus, a Deus, juiz de todos,
aos espíritos dos justos aperfeiçoados, a Jesus, mediador de nova aliança,
e ao sangue aspergido que fala melhor do que o de Abel.”


— Evangelho

Lucas 14,1.7-14

“Certo sábado, indo Jesus comer em casa de um dos principais fariseus, eles o observavam atentamente.
Notando como escolhiam os primeiros lugares à mesa, contou-lhes uma parábola:
‘Quando fores convidado para noivado, não te assentes em lugar de honra;
pode vir quem te convidou e diga: “Amigo, sobe mais para cima”.
Então ficarás com vergonha e ocuparás o último lugar.
Mas, sendo convidado, vai e senta-te no último lugar, para que, quando vier o anfitrião, te diga: “Amigo, sobe mais alto”.
Assim serás honrado diante de todos os que estão à mesa contigo.
Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.’
Disse também ao homem que o convidara: ‘Quando deres um banquete, não convides teus amigos nem parentes nem ricos vizinhos, para não te retribuírem com convite semelhante.
Mas, quando fizeres festa, convida gente pobre, mancos, coxos, cegos; serás bem-aventurado, porque eles não têm como te retribuir; serás retribuído na ressurreição dos justos.’”


Meditação sobre as Leituras

A sabedoria de Sirácida nos compele a abraçar a humildade como virtude de vida, reconhecendo que a grandeza está em servir, não em ser servido. O salmo ecoa esse princípio celebrando a bondade de Deus, que acolhe os frágeis e transforma o desabrigo em morada. Em Hebreus, somos convidados a contemplar a realidade espiritual sublime a que fomos chamados: não é o temor do Sinai, mas a participação na Jerusalém celestial — onde o amor vence o medo. No Evangelho, Jesus nos direciona a escolher o lugar mais humilde, com destaque à hospitalidade gratuita — um convite para uma vida que reflete o Reino. Que vivamos hoje com confiança, vigilância e autenticidade.


Oração Final

Senhor Deus,
ensina-nos a humildade que encanta o Teu olhar,
a hospitalidade que acolhe sem cálculo e
a fé que confia sem buscar glória.
Que saibamos ocupar o lugar que nos cabe,
servir sem esperar retorno,
e reconhecer em cada irmão o rosto do Reino.
Em Jesus, que se humilhou e nos elevou,
vivamos com autenticidade,
até que, na Tua presença, sejamos exaltados.
Amém.